“Pisar no Preconceito” é uma campanha desenvolvida pela Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica que, no Dia Internacional da Mulher, pretende alertar e sensibilizar para os principais preconceitos que ainda existem contra as mulheres na atualidade.
Este dia, de acordo com a UNESCO, é “uma ocasião para celebrar o progresso feito para alcançar a igualdade de género e o empoderamento das mulheres”, sendo o objetivo desta campanha abordar temas como a desigualdade de género, desvalorização profissional, discriminação, violência física e psicológica, experienciadas pelas mulheres, entre outros. Este é um problema global que continua profundamente enraizado na sociedade, mostrando-nos que o caminho para a igualdade ainda precisa de ser feito.
Todos juntos, vamos sair à rua e pisar estes preconceitos de forma simbólica e de luta. #PisarNoPreconceito
- “A maternidade não é compatível com cargos de liderança.”
Locais: Torres de Lisboa.
A ‘’responsabilidade de cuidar’’ é algo que se verifica como sendo mais relacionado com o papel da mulher na sociedade. Em 2021, 23,9% das mulheres está inativa profissionalmente por ter de “cuidar de crianças ou pessoas adultas incapacitadas” bem como “outras responsabilidades familiares e/ou pessoais”.
Apesar de as mulheres representarem 49,7% da população com emprego, os homens empregados continuam a estar mais representados em lugares de chefia do que as mulheres, que são só 3,1% da população, tendo diminuído em 0,5% de 2021 para 2022 (Fonte: INE, Boletim Estatístico 2023).
- “Estava-se mesmo a ver, ela pôs-se a jeito.”
Local: Escola Delfim Santos; Bairro de Palma.
Fora do contexto de intimidade, a proporção de mulheres vítimas de violência sexual é o dobro da observada nos homens.
A proporção de mulheres que trabalhavam, ou que já tinham trabalhado, e que afirmaram ter sido vítimas de assédio sexual em contexto de trabalho (12,3%), ou seja, alvo de qualquer conduta indesejada verbal, não-verbal ou física, de carácter sexual, é mais do dobro da que se observa nos homens, de 5,2% (Fonte: INE, Inquérito sobre Segurança no Espaço Público e Privado, 2022).
- “Futebol não é para meninas.”
Local: Acesso ao Estádio do Sport Lisboa e Benfica.
O futebol está tradicionalmente associado ao sexo masculino e a algumas características vistas como mais ‘’masculinas’’, tais como a força física, resistência, velocidade e espírito competitivo. Assim, o futebol feminino, por supostamente não ter estas características, é visto como mais desinteressante, o que dificulta os progressos da igualdade nesta modalidade.
A Seleção Feminina de Futebol de Portugal só foi estabelecida em outubro de 1981, tendo a Seleção Masculina de Futebol estreado oficialmente 60 anos antes. Em 2021, existiam 8.391 mulheres praticantes de futebol inscritos na Federação Portuguesa de Futebol, o que corresponde a apenas 6,7% da população total inscrita (Fonte: INE, 2021).
- “O lugar das mulheres é na cozinha.”
Local: Metro das Laranjeiras; Sede da Junta de Freguesia
Esta expressão depreciativa e segregadora remete à mulher o papel de submissão e inferioridade. O lugar das mulheres é onde elas quiserem.
É um facto que era responsabilidade da mulher, na cultura ocidental, alimentar, cuidar e manter limpa a casa, atualmente chamado de trabalho não remunerado ou trabalho invisível das mulheres. Atualmente, com o passar dos anos também este papel evoluiu, pelo que este tipo de comentários são desaquados e falsos no contexto da sociedade contemporânea.
- “Mulher minha não sai assim à rua.”
Local: Parque Bensaúde.
Dizer que “mulher minha não sai assim à rua” é manter uma mentalidade ultrapassada e opressiva que procura controlar a liberdade e a autonomia das mulheres sobre seus próprios corpos e escolhas.
A liberdade de expressão através da roupa é um direito humano básico e não deve ser limitada por noções antigas de posse ou controlo masculino sobre as mulheres.